loading...
Fundado no século XII, no reinado de D. Afonso Henriques, o Mosteiro de Maceira Dão começou por ser uma pequena comunidade de monges criada pelo médico, e depois religioso e primeiro abade, Soeiro Teodoniz que assentou nas margens do rio Dão em 1173. Acabariam por adotar a regra cisterciense pouco depois, em 1188.
O mosteiro medieval deve ter sido modesto pois nada resta das construções desse período exceto a metade inferior do que parece ser uma antiga torre senhorial (a casa do abade?), bastante transformada, que ainda subsiste. As visitações do século XVI referem a reduzida dimensão o estado deplorável da casa religiosa. O edifício atual, de forma quadrada disposto em redor do claustro, foi iniciado em 1613 (epígrafe junto da antiga portaria) e a sua primeira fase de construção terá sido concluída cª de 1628 (data de um dos pináculos da cobertura).
A antiga portaria situava-se a nascente, do lado de Mangualde, e é muito provável que neste mesmo período se tenha também construído uma nova igreja, maneirista, com fachada para oriente (Salvador, 2009). No final do século XVII fez-se a fachada palaciana da zona das cozinhas, a poente (pináculos com as datas de 1668 e 1669), obra que deve ter dado o mote para a construção da atual igreja de nave elíptica (iniciada em 1744) que foi construída sobre a igreja anterior, rodando a sua orientação 180º. Desta forma a frente principal do mosteiro passou a ser a fachada poente, voltada para o magnífico vale do rio Dão, numa operação de domínio sobre a paisagem claramente barroca.
A nascente do mosteiro foi ainda construída a pequena capela de Nossa Senhora da Cabeça, na segunda metade do século XVIII.
O imóvel é atualmente propriedade privada e encontra-se virtualmente abandonado.
O objetivo do trabalho foi o de reconstituir, através de plantas, cortes, alçados e desenhos 3D, a provável evolução e transformação do edifício do mosteiro ao longo dos últimos 400 anos.
Pretendeu-se testar a hipótese da igreja barroca ter substituído uma igreja seiscentista anterior, tendo-se rodado a orientação do templo em 180º. Com esta operação alterou-se profundamente a relação do edifício com a paisagem.
Não havendo vestígios da hipotética igreja do século XVII, excepto as paredes na zona nordeste do edifício (que dão ideia do recorte de uma antiga nave e respetiva a capela-mor) e uma pequena janela na presumível parede de fundo da antiga capela-mor, foi tarefa do grupo reconstituir o presumível templo com base noutras igrejas de conventos cistercienses de meados do século XVII. Revelou-se de particular interesse a investigação recente de Ana Maria Tavares Martins (2012) e, em particular, a não muito distante igreja do Mosteiro Novo de S. Pedro das Águias, no concelho de Tabuaço.
Por outro lado, a disposição recuada da fachada da nova igreja barroca em relação ao quadrado conventual (e à fachada “palaciana” poente do convento) recorda disposições semelhantes em outros conventos beneditinos e cistercienses renovados nesta época, casos de Tibães e Santa Maria do Bouro.
Docentes
Rui Lobo · Cátia Marques
Estudantes
Ana Pais · André Sousa · Eva Paiva · Inês Pinheiro · João Mendes · Marco Costa
2014/2015