Capela do Senhor dos Aflitos

A capela do Senhor dos Aflitos, pequeno templo de planta hexagonal, é uma peça admirável da arquitectura portuguesa do século XVII. Este edifício localiza-se na Quinta da Lamarosa, próximo do rio Mondego, no termo do município de Coimbra.

A capela possui pilastras de canto dóricas que suportam o entablamento e uma cúpula hexagonal coberta com telhas e encimada por um pináculo de pedra. Em cada um dos lados há arcos inscritos, muito embora hoje apenas o arco da entrada se encontre aberto, emoldurado pelo portal da capela.

No século XVIII, a capela sofreu várias intervenções entre as quais se incluem um novo retábulo, o revestimento do interior com azulejos de tom azul e as pinturas que preenchem o interior da cúpula, representando passagens da Paixão de Cristo. As duas cruzes de pedra que ladeiam a capela no exterior também datam do mesmo período.

O arquiteto(s) e os patronos deste edifício são desconhecidos. A capela pode ser integrada numa série de pequenas capelas deste tipo, dos séculos XVI, XVII e XVIII, que existem em Portugal (capelas de Nossa Senhora da Encarnação na Vila da Feira, de S. Gonçalo em Aveiro e de Nossa Senhora das Areias de S. Jacinto) e no Brasil (capelas da Casa de Garcia de Ávila na Bahia e de S. Gonçalo do Engenho Una em Paraíba).

A estrutura data, aparentemente, do terceiro quartel do século XVII, mas sofreu grandes mudanças durante o final do século XVIII, antes de sua (re)instituição como capela em 1800 (um fato importante que saiu da pesquisa dos estudantes). É, portanto, plausível que tenha sido originalmente erigida como um baldaquino que abrigaria uma cruz de pedra em seu interior. 

Nesse sentido, é plausível que os arcos hoje preenchidos estivessem originalmente abertos - como sugere a visita ao local. Os alunos testaram essa hipótese (hipótese A) e ainda outra, na qual a estátua remanescente de Cristo Ressuscitado estaria sobre um altar na parede do fundo de uma capela primitiva, com todos os lados abertos exceto um (hipótese B). Os alunos realizaram um levantamento rigoroso, inexistente à data, da capela no seu estado atual.

• CORREIA, Vergílio; GONÇALVES, António Nogueira; Inventário Artístico de Portugal – Vol. IV: Distrito de Coimbra, Lisboa, ANBA, 1953.
• MOURA FILHA, Maria Berthilde, “Capelas com planta centralizada no Nordeste do Brasil: entre a tradição portuguesa e a tratadística italiana”, População e Sociedade, Porto, CEPESE, vol.19, 2011, p.71-93.
• SOUSA, Alberto, “Uma igreja brasileira de planta hexagonal: a capela do antigo Engenho Una, na Paraíba”, Arquitextos, São Paulo, ano 07, 2007.
• SIPA

Henrique Pimentel  ·  Luís Antunes  ·  Manuel Pratas  ·  Philippa Remhof

2015/2016